21/12/15 |   Research, Development and Innovation

Ciência para a vida - notas da edição nº 11

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Flashes salvadores

Pesquisadores da Embrapa observaram que a luz ultravioleta (UV) pulsada pode controlar o fungo Fusarium pallidoroseum,  principal agente da podridão do melão. A infecção ocorre no campo, logo após a colheita, ou na empacotadora, e acarreta perdas aproximadas de 15% da produção nacional de melão, até a mesa do consumidor. Existe apenas um agroquímico registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para  tratamento da doença, o Imazalil. A falta de rigor na sua aplicação pode resultar na presença de resíduos acima dos limites máximos permitidos pela legislação, alerta o pesquisador Ebenezer Silva, da Embrapa Agroindústria Tropical. A luz ultravioleta contínua já é utilizada no controle de microrganismos em alimentos, água e ar. No modelo pulsado, é armazenada em um capacitor e liberada em flashes intermitentes, aumentando a intensidade de energia, podendo gerar efeito prolongado de proteção dos melões. A luz afeta o metabolismo do fruto e aumenta o teor de compostos fenólicos (substâncias antioxidantes) que atuariam como uma espécie de vacina contra o ataque de microrganismos e não deixa resíduo algum no alimento.
 
— por Verônica Freire (Fonte: Agência Embrapa de Notícias)
 
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Mulheres da ciência

Duas pesquisadoras da Embrapa e suas contribuições para o avanço da ciência agropecuária foram reconhecidas. Fátima Grossi será empossada membro da The World Academy of Sciences (TWAS), no dia 20 de novembro de 2015, em Viena, Áustria. Ela foi eleita em 2014, atendendo ao critério de excelência científica exigido pela Academia. Na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Grossi coordena o Laboratório de Interação Molecular Planta-Praga, onde são desenvolvidas pesquisas voltadas à produção de plantas geneticamente modificadas (GM), aplicadas ao estresse biótico e abiótico. Destaques atuais são o algodão GM com resistência ao bicudo-do-algodoeiro, o pior inimigo da cotonicultura brasileira, e o evento de algodão GM com tolerância ao deficit hídrico, parte da reportagem de capa desta edição.  Já Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, venceu, em outubro deste ano, o Prêmio Cláudia 2015, na categoria Ciência, por seu trabalho com fixação biológica do nitrogênio (FBN), tecnologia sustentável que faz com que a cultura da soja tenha uma economia estimada em 12 bilhões de dólares por ano.  Para produzir 1 tonelada de soja são necessários cerca de 80 kg de nitrogênio. O nutriente, o mais requerido pela cultura, pode ser obtido gratuitamente na natureza, por meio de algumas bactérias do gênero Bradyrhizobium (risóbios), capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante para as plantas. A FBN dispensa a utilização de fertilizantes nitrogenados, reduzindo os custos de produção e os prejuízos ao ambiente. Esse trabalho foi capa da primeira edição da  – Ciência para a Vida.

Pimentas em selos

Na série de selos "Variedades de Pimentas Brasileiras", lançada pelos Correios em outubro para celebrar a biodiversidade brasileira, três cultivares desenvolvidas pela Embrapa ganharam papel de destaque nas estampas: as pimentas BRS Mari, dedo-de-moça, BRS Seriema, pimenta do tipo bode, e BRS Moema, biquinho. A coleção apresenta ainda pimentas do tipo malagueta. São todas do gênero Capsicum composto por cerca de 30 espécies, de vasta riqueza de nomes, tamanhos, formatos, cores e pungência (picância ou ardor) e valorizadas por seus atributos culinários e ornamentais. De acordo com a pesquisadora Cláudia Ribeiro, da Embrapa Hortaliças, o Brasil é um importante centro de diversidade genética, uma vez que possui espécies em diferentes níveis, de silvestres a domesticadas. "A pimenta-malagueta é a mais consumida no nosso país, porém a espécie Capsicum chinense (pimentas biquinho e bode) é considerada a mais brasileira das espécies porque sua área de diversidade está localizada na região amazônica", esclarece. O desenvolvimento de novas cultivares de pimentas tipicamente brasileiras, que atendam às demandas dos setores produtivo e industrial, tem norteado o programa de melhoramento genético conduzido pela Embrapa. Ao longo das pesquisas com pimentas Capsicum, alguns materiais impressionaram a cadeia produtiva e foram amplamente adotados pelos agricultores e pela agroindústria.

 
— por Paula Rodrigues
 
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Rastreamento em cativeiro

Equipamentos de telemetria utilizados para rastrear animais aquáticos na natureza estão sendo empregados pela primeira vez no Brasil em um viveiro escavado a fim de revelar o comportamento do pirarucu. Chips eletrônicos projetados para traçar o trajeto de tubarões, tartarugas e golfinhos em águas abertas foram implantados na cavidade abdominal do pirarucu (Arapaima gigas), com o objetivo de descobrir detalhes comportamentais do animal em cativeiro. O experimento está em andamento na fazenda Acácia, no Município tocantinense de Porto Nacional, sob a responsabilidade de pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura. "O objetivo nesse primeiro momento é testar a tecnologia para saber se será possível seu uso em condições diferentes das originalmente projetadas para o equipamento", conta a engenheira de pesca Adriana Lima, pesquisadora da Embrapa responsável pelo trabalho. O desafio, segundo ela, é conseguir obter precisão da ordem de 20 centímetros, enquanto  nos rastreamentos em ambientes naturais, como oceanos e lagos, os cientistas trabalham com medidas de distância maiores, calculadas em metros. Adriana revela que os resultados iniciais são positivos. A primeira coleta de dados foi enviada à empresa canadense Vemco, fabricante do equipamento, que conseguiu traçar a trajetória dos peixes dentro do tanque com o grau de precisão desejado.
 
— por Fabio Reynol (Agência Embrapa de Notícias)
 
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Amazonia mapeada

O Sistema Interativo de Análise Geoespacial da Amazônia Legal (Siageo), base de informações territoriais integradas lançada pela Embrapa, reúne e disponibiliza informações sobre uso da terra, potencialidades produtivas e áreas de proteção, sob a perspectiva dos zoneamentos ecológico-econômicos de nove estados brasileiros que compõem a região: Acre, Amapá, Amazonas, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Os dados, georreferenciados e produzidos nas iniciativas de zoneamento ecológico-econômico daqueles estados, correspondem a aproximadamente 650 camadas temáticas, cada uma com informações específicas, como cobertura vegetal, geologia, áreas indígenas, entre outras, que geram a composição dinâmica de mapas. O Siageo foi desenvolvido no âmbito do Projeto Uniformização do Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal (UZEE), executado pela Embrapa (Unidades Embrapa Amazônia Oriental, coordenadora, e Embrapa Informática Agropecuária) e Ministério do Meio Ambiente (MMA).
 
— por Ana Laura Lima e Nadir Rodrigues 
 
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Além da meta

Estudo realizado pelo Projeto Observatório ABC (Agricultura de Baixo Carbono) revelou que, se apenas três tecnologias de mitigação geradas pela pesquisa forem adotadas, o Brasil pode reduzir a emissão de gases de efeito estufa, nas atividades agropecuárias até 2023, em mais de dez vezes a meta estipulada pelo Plano ABC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O plano foi originalmente idealizado para recuperar 15 milhões de hectares degradados, mas poderia ser estendido a 60 milhões de hectares. Se o País recuperar pastagens e promover integração lavoura-pecuária e integração lavoura-pecuária-floresta, deixariam de ser lançadas na atmosfera 1,8 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, que são todos os gases de efeito estufa produzidos na atividade medidos em comparação aos efeitos do gás carbônico. "Esse é um cálculo conservador, pois desconsidera outras tecnologias preconizadas pelo Plano ABC e abarca apenas os municípios brasileiros com pastagens degradadas", declara o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa, coordenador de estudo do Observatório ABC. Para chegar aos resultados, os pesquisadores estimaram as emissões da agropecuária brasileira caso não houvesse a adoção das tecnologias e usaram estimativas de crescimento do setor elaboradas pelo Mapa e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Nesse cenário hipotético, o Brasil chegaria a 2023 com um saldo de 3,62 bilhões de toneladas de CO2 equivalente. O trabalho considerou a pecuária bovina e sete culturas agrícolas: arroz, milho, trigo, cana-de-açúcar, feijão, algodão e pastagem.

Secretaria de Comunicação da Embrapa - Secom

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