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Primeiros frutos de bananeiras da Embrapa são colhidos na África
Na segunda semana de março, foram colhidos os primeiros frutos das 13 cultivares de bananeira desenvolvidas e/ou protegidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e que estão em teste na Tanzânia, em Uganda e na Nigéria desde o final de 2014.
A colheita faz parte de projeto aprovado na Plataforma África-Brasil de Inovação Agropecuária (Marketplace) em 2013 e que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento dos países africanos por meio do apoio técnico-científico da Embrapa e colaborar para a segurança alimentar do continente africano.
“De acordo com relatos dos pesquisadores responsáveis pelas análises em Uganda, nesse primeiro ciclo nossas cultivares apresentaram bom desenvolvimento agronômico e aceitação sensorial preliminar, em especial a BRS Princesa, BRS Platina, BRS Vitória, BRS Japira e BRS Pacovan Ken. Destaque também foi dado para a resistência às doenças, em especial Sigatoka-negra e murcha de Fusarium, presentes em alta intensidade na área dos experimentos”, disse o líder do Programa de Melhoramento Genético de Bananas e Plátanos da Embrapa, Edson Perito Amorim. A sigatoka-negra é o mais grave problema da bananicultura mundial e o mal-do-Panamá (ou mal-do-Panamá ou fusariose) é endêmico em todas as regiões bananicultoras do mundo. Além de serem resistentes, as variedades brasileiras são rústicas, o que facilita o cultivo em áreas onde o uso de tecnologia ainda é incipiente, como na maioria dos países africanos.
Avaliação
O trabalho de validação é realizado pelo International Institute of Tropical Agriculture (IITA) e pelo National Agricultural Research Organisation (Naro), cujos técnicos informaram também à Embrapa que as cultivares locais, suscetíveis às doenças, sucumbiram e não produziram frutos — em especial a cultivar Sukali Ndizi, um tipo Maçã bastante consumido na região dos grandes lagos da África, onde fica Uganda.
De forma coordenada e articulada, essa é a primeira iniciativa da Embrapa para ampliar a adoção das suas cultivares de bananeira além-mar. “Esses são resultados preliminares. Para uma recomendação internacional — o que seria um feito inédito —, deve-se aguardar, no mínimo, três ciclos de produção e realizar uma análise de aceitação comercial mais detalhada, conforme já planejado com as equipes do Naro e do IITA. Estamos trabalhando com três ambientes totalmente diferenciados, incluindo preferência do consumidor, e é provável que as recomendações ocorram por país”, explica Amorim.
Em contrapartida, o IITA enviou para o Brasil cultivares de plátanos (bananas tipo Terra) resistentes à Sigatoka-negra desenvolvidos pelo seu programa de melhoramento e que estão em processo de multiplicação in vitro no Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Mandioca e Fruticultura. A perspectiva é instalar, no início de 2018, as primeiras Unidades de Referência Tecnológica (URTs) nos principais polos de produção de plátanos do Brasil. “Como a Sigatoka-negra é a principal doença que acomete a cultura no País, em especial no Norte e Centro-Oeste do Brasil, e considerando a identificação, em 2015, dos primeiros focos do patógeno nos estados da Bahia e do Espírito Santo [grandes produtores de plátanos], os genótipos resistentes têm potencial para mitigar os efeitos da doença nas regiões afetadas”, espera o pesquisador.
Léa Cunha (DRT-BA 1633)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
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