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Cultivo de grão-de-bico é testado no sistema orgânico e ampliado no MT
Duas experiências distintas, em estados diferentes, para uma mesma cultura. Em 2018, enquanto no Mato Grosso, a área de cultivo de grão-de-bico ampliou de 60 hectares para 6 mil hectares, em São Paulo a leguminosa foi testada no sistema orgânico. Em ambos os casos, apesar de ainda demandar informações mais precisas como adubação, irrigação, controle de pragas e doenças, o grão-de-bico é visto como potencial para os mercados interno e externo.
Depois de plantar 10 quilos de grão-de-bico em 2017, o produtor do sistema orgânico Rafael Coimbra está otimista com a colheita da área de 7 hectares cultivada esse ano. “Tivemos problemas com o clima, mas vamos conseguir colher uma boa quantidade. Muitas pessoas já demonstraram interesse na leguminosa, que é uma fonte sustentável de proteína e tem um mercado promissor”, ressalta o produtor do município de Santa Cruz da Conceição.
No caso do Mato Grosso, o agrônomo Alex Luviseto é o responsável do Grupo Ferrari pela coordenação dos trabalhos com a cultura na região. “Ampliamos a área plantada porque acreditamos que o grão-de-bico é uma excelente opção para atender os mercados interno e externo. Precisamos ajustar questões técnicas de cultivo, mas o desempenho da cultura já tem sido favorável”, acrescenta Luviseto, cuja empresa exportou o primeiro contêiner de grão-de-bico em 2016. No Brasil, o plantio de grão-de-bico iniciou há cerca de 5 anos no Cerrado Brasileiro, com a intensificação das pesquisas e lançamento de cultivares pela Embrapa Hortaliças
No mercado externo, a Índia e outros países asiáticos demandam cada vez mais por leguminosas de grãos como lentilha, ervilha e grão-de-bico – conhecidas como pulses. A Índia é o maior produtor, consumidor e exportador do mundo. Em 2017, eles importaram 6 milhões de toneladas de pulses para suprir a demanda interna de 25 milhões de toneladas. A expectativa é que até 2030 essa necessidade chegue a 40 milhões.
“Como a produtividade na Índia é baixa, principalmente com o grão-de-bico, eles vão depender das importações, o que cria oportunidade para o Brasil”, ressalta o chefe-geral da Embrapa Hortaliças Warley Nascimento, que coordena as pesquisas com grão-de-bico – algumas em parceria com empresa indiana. Recentemente, Nascimento apresentou resultados sobre o desempenho de materiais indianos testados no Brasil.
O mercado interno também é favorável. Até o ano passado, o Brasil importou uma média anual de 8 milhões de toneladas de grão-de-bico para atender o mercado nacional, cujo consumo anual não passa de 40 gramas/ano por habitantes. A vantagem brasileira é que existem segmentos da população formados por vegetarianos, celíacos e adeptos da alimentação saudável que podem contribuir para alavancar o mercado de pulses.
O desafio da pesquisa e de todos os envolvidos na cadeia produtiva é tornar o preço do grão-de-bico acessível aos consumidores, sendo o aumento da produção uma das alternativas. De acordo com o Nascimento, a expectativa é que o Brasil atinja, em 2018, 12 mil hectares em áreas distribuídas pelo Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia.
Seminário
No final de agosto (30 e 31), a Embrapa Hortaliças realizou o II Seminário Sobre Hortaliças Leguminosas e reuniu entidades públicas e privadas interessadas em promover a diversificação dos sistemas produtivos e conhecer as pesquisas e os cenários interno e externo das pulses.
Para o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, a inserção de leguminosas nos sistemas produtivos ajudará o Brasil a responder à transição nutricional que o mundo experimentará de forma mais intensa nas próximas décadas, com alterações na demanda por alimentos associadas às mudanças demográficas e ao crescimento da renda.
Gislene Alencar (MTb/MG 05653 JP)
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