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Ações compartilhadas promovem cultivo de hortaliças tradicionais e mandioquinha-salsa
A araruta, rizoma do grupo das hortaliças tradicionais, mais conhecidas no meio acadêmico como hortaliças não convencionais, e a mandioquinha-salsa (ou batata baroa) foram temas de dias de campo realizados no mês de agosto em municípios do Paraná.
No dia 22, a araruta foi o principal foco do evento promovido em Morretes, no litoral paranaense, numa promoção conjunta da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) e da Emater-PR, coordenada pelos extensionistas Iniberto Hammerschmit (Coordenador Estadual de Olericultura) e Antônio Leonardecz (Coordenador Macroregional de Horticultura). "Procuramos atender à demanda pela araruta, levantada em 2011, por parte de produtores dessas localidades, com vistas a resgatar uma tradição de cultivo perdida há mais de 30 anos", informou o pesquisador Nuno Madeira, que coordena projeto com as hortaliças tradicionais no âmbito da Unidade.
Conforme o pesquisador, a hortaliça já tinha sido protagonista em outra ação, promovida em agosto de 2011, quando foram implantadas quatro unidades de observação, duas em Morretes e duas em Antonina. "É uma planta que tem mercado promissor e que apresenta sistema produtivo semelhante ao gengibre e ao açafrão, largamente cultivados na região, cabendo citar que a localidade já conta com casa de farinha e polvilho, o que a torna bastante atrativa para os produtores locais", sublinha Nuno. Ele acrescenta que a avaliação em termos de produtividade realizada em uma das unidades conduzidas em Morretes pela extensionista Ruth Pires, e implantada numa propriedade local, foi extremamente positiva, ao apresentar até 2,4 kg por planta, o que supera em muito a meta inicial de um quilo por planta.
Por ocasião do evento, realizado na sede da Associação Amantanal em Morretes, foi apresentada a proposta de trabalho com hortaliças tradicionais e repassado um kit de mudas para implantação de unidades de observação, em parceria com a Emater-PR e a Cooperafloresta. Dentre as hortaliças tradicionais, pode-se apontar a taioba, mangarito, vinagreira, serralha, ora-pro-nóbis, azedinha, bertalha, inhame roxo, taro, entre outras. De acordo com o pesquisador, houve um amplo debate a respeito da implantação do banco de hortaliças tradicionais no município e sobre os potenciais desdobramentos dessa atividade, tanto localmente como em todo o estado do Paraná.
"O público da reunião era formado por pequenos produtores de base familiar, muitos de assentamentos já bem estruturados como o de Nhundiaquara, em Morretes. Levando-se em conta o fato de ser uma localidade com tradição culinária regional muito forte, acreditamos que o trabalho de resgate que está sendo empreendido com as hortaliças tradicionais vai apresentar forte efeito multiplicador e importante visibilidade para a Embrapa Hortaliças", observou Nuno.
As hortaliças tradicionais ainda foram temas de outros eventos, desta vez na cidade de Conceição do Mato Dentro, no polo Alto Jequitinhonha (MG): uma oficina culinária no dia 28/08, e uma reunião técnica, dia 29. Na ocasião, foram avaliados os resultados apresentados pelo banco de hortaliças tradicionais, implantado em 2011, e fruto de parceria da Embrapa Hortaliças com a Emater-MG, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Epamig, UFMG, e a prefeitura do município, através de sua secretaria de Agricultura. "Além de conferir os resultados alcançados, considerados positivos, houve uma ampliação do banco e também difundido o material para outras comunidades do município e cidades vizinhas de Congonhas do Norte e Morro do Pilar", explica Nuno.
Mandioquinha-salsa
Já a programação relacionada à mandioquinha-salsa teve lugar no município de Rio Azul, na região de Irati (PR), no dia 23 de agosto, com um curso sobre a produção da hortaliça, com foco na fase de produção de mudas, fruto da parceria entre a Embrapa Hortaliças e a Emater-PR.
O sistema de multiplicação de mudas de mandioquinha-salsa foi instalado em 12 unidades de observação, no centro-sul do Paraná, e a unidade de Rio Azul foi uma das que apresentaram melhores resultados, juntamente com a de Quitandinha. As mudas produzidas foram distribuídas a 16 novos produtores dos municípios - através dos escritórios locais da Emater do Paraná -, que implantarão outras unidades de multiplicação com a mesma finalidade, isto é, repassar para outros produtores.
Na avaliação do pesquisador, essas ações têm o potencial de estimular o plantio racional dessa hortaliça, expandindo o cultivo para outros municípios. Um forte aliado, segundo ele, é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal, criado para ajudar no enfrentamento da fome e da miséria e, ao mesmo tempo, fortalecer a agricultura familiar. "Com o PAA garantindo a compra e o preço dos alimentos produzidos em pequenas propriedades para compor a merenda escolar, a nossa expectativa é que o cultivo da mandioquinha-salsa deverá crescer na região", aposta.
Anelise Macedo –(MTB 2749/DF)
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