24/09/18 |   Agroindústria  Comunicação

Embrapa e Sebrae lançam livro sobre Indicação Geográfica da farinha de Cruzeiro do Sul

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Foto: Priscila Viudes

Priscila Viudes -

Como os agricultores do Juruá se organizaram para provar a qualidade diferenciada da farinha produzia na região? De que forma a história e a cultura regional participam do processo de constituição de características particulares desse produto?  Estas e outras questões estão presentes no livro “Indicação Geográfica da Farinha de Mandioca de Cruzeiro do Sul, Acre”, que será lançado pela Embrapa Acre e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na quinta-feira, dia 27 de setembro. A solenidade acontece como parte da programação do III Festival da Farinha, realizado na praça Orleir Cameli, no centro de Cruzeiro do Sul, a partir das 19 horas.

A publicação reúne resultados de pesquisas desenvolvidas para apoiar agricultores familiares do Juruá na obtenção do selo de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência, conquistado pelo produto em 2017. Composta por oito capítulos produzidos por profissionais da Embrapa e instituições parceiras, a obra tem o objetivo de compartilhar informações sobre a produção de farinha de mandioca no Juruá e dar visibilidade ao registro de Indicação Geográfica como ferramenta de fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca no Acre e como estratégia de desenvolvimento local. Além de contextos históricos e atuais do processo produtivo, os conteúdos destacam aspectos simbólicos da diferenciação desse produto e permitem vislumbrar o caráter intrínseco desse diferencial.

“Por meio de estudos técnicos buscamos evidenciar desde a caracterização da cadeia da mandioca, melhorias no processo de produção, definição de padrões de identidade e características físicas e químicas que enfatizam a qualidade da farinha de Cruzeiro do Sul e sua vinculação com um “saber fazer” particular dos agricultores do Vale do Juruá, até a identificação do potencial da região produtora para a Indicação Geográfica. De modo complementar, a partir de abordagens midiáticas, agregamos informações sobre a percepção de produtores e gestores públicos do Juruá e consumidores de diferentes localidades, que confirmam a notoriedade e qualidade do produto, considerado por muitos como a “melhor farinha” do Brasil”, explica a pesquisadora da Embrapa Acre, Joana Souza, uma das editoras do livro.

A versão impressa será distribuída gratuitamente a produtores rurais, gestores públicos e representantes de instituições parceiras. Clique aqui para acessar o formato digital da publicação.

Componente humano

Segundo a pesquisadora Virgínia Álvares, que coordenou parte dos estudos desenvolvidos e também participa da editoria do livro, por contemplar tanto questões agronômicas da produção de mandioca como processos da tecnologia de alimentos, vinculados a um viés histórico-cultural, o conhecimento disponibilizado ajuda a compreender a própria região do Juruá e a essência do processo de IG. Entre os aspectos mais relevantes da obra está o componente humano como principal elemento impulsionador da Indicação Geográfica. “Embora outros fatores sejam considerados, é o conhecimento tradicional dos agricultores, adquirido ao longo de mais de cem anos e traduzido no modo de fazer, que determina efetivamente a qualidade da farinha de Cruzeiro do Sul”, diz.

Para a analista do Sebrae, Murielly Nóbrega, editora da publicação e responsável pelas ações de apoio e manutenção da IG da farinha de Cruzeiro do Sul, o livro traduz esforços incessantes de um conjunto de instituições e pessoas na execução de diferentes projetos e chega como um presente para públicos distintos, incluindo produtores rurais, estudantes e profissionais da pesquisa e fomento à produção. “Além de uma gama de informações técnicas sobre a cadeia produtiva da mandioca, poderão conhecer, com detalhe, o processo de obtenção e implementação da Indicação Geográfica do primeiro produto acreano a conquistar esse registro”.

Festival da Farinha

A produção de farinha de mandioca é a principal atividade econômica do Juruá, região formada pelos municípios de Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Valter, Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul, cidade que empresta nome ao produto. Fonte de emprego e renda para mais de duas mil famílias rurais, a farinha de Cruzeiro do Sul é comercializada com diversas regiões do País. Em agosto de 2017, após mais de duas décadas do início do processo, a farinha de Cruzeiro do Sul recebeu o selo de Indicação Geográfica, prerrogativa que atesta oficialmente a sua qualidade diferenciada e funciona como estratégia de valorização do produto no mercado. A concessão do registro de IG é responsabilidade do Instituto Nacional Propriedade Industrial (INPI), órgão sediado no Rio de Janeiro (RJ).

Como reconhecimento à importância econômica, social e cultural do produto para a região e com o objetivo de aquecer a economia local, a prefeitura de Cruzeiro do Sul e o Sebrae realizam o terceiro Festival da Farinha, no período de 27 a 29 de setembro. O evento integra o calendário comemorativo do aniversário da cidade e oferece capacitação para agricultores e espaços para a produção de farinha e outros derivados da mandioca, rodadas de negócio, comidas típicas e atividades culturais, incluindo a escolha da “Musa da Farinha”.

Além do lançamento do livro da IG, este ano a Embrapa Acre participa do Festival com uma exposição fotográfica sobre as diferentes etapas do processo de produção da farinha e outros derivados da mandioca como biscoito, goma e farinha de tapioca. No estande da Empresa, compartilhado com o Sebrae, os visitantes também poderão experimentar produtos à base de farinha de mandioca, em sessão de degustação realizada no dia 28 de setembro. Receitas como o sushi de farinha com pirarucu, cuscuz e bolo estão no cardápio elaborado pelo Chef Jaire Cunha.

“A atividade faz parte das estratégias de divulgação da Indicação geográfica da farinha de Cruzeiro do Sul e visa mostrar que esse produto pode ser consumido em uma diversidade de pratos doces e salgados”, explica a analista Priscila Viudes, uma das coordenadoras da participação da Embrapa Acre no evento.

 

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

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