Piccola Cantina, a primeira agroindústria de vinho colonial legalizada no Brasil
Piccola Cantina, a primeira agroindústria de vinho colonial legalizada no Brasil
A primeira agroindústria de Vinho Colonial do Rio Grande do Sul, e do Brasil, a Piccola Cantina, foi inaugurada em Bento Gonçalves no início do mês de fevereiro. A propriedade do casal Auri e Diva Flâmia fica em Faria Lemos, no interior de Bento Gonçalves e foi a primeira a receber o certificado de registro.
Agora, a família Flâmia poderá comercializar seus produtos em feiras, cooperativas e associações e diretamente ao consumidor na propriedade utilizando o talão de produtor rural, sem a necessidade de abrir uma empresa, desde que elaborem até 20 mil litros de vinho por ano com 100% de uva própria (fora do RS, o mínimo é de 70%). Durante o evento, no qual estiveram presentes representantes de diversas instituições envolvidas com o projeto do vinho colonial, a cantina também recebeu o Selo “Sabor de Bento”, da prefeitura de Bento Gonçalves, que certifica a qualidade do produto elaborado. .
De acordo com o produtor Auri Flâmia, “agora vai ser possível trabalhar com mais qualidade, podendo vender com nota e com rótulo. A ideia é crescer e fazer mais vinho”. Para a esposa do produtor, Diva Flâmia, "isso representa um futuro melhor para nossas filhas, que certamente não terão que passar por tudo o que a gente passou, e assim, processar o nosso próprio produto”.
Para Mauro Zanus, chefe geral da Embrapa Uva e Vinho, a expectativa com essa legalização é abrir as portas para o setor de vinhos do Brasil crescer como um todo. “Nesse primeiro momento está equacionada a questão no estado do Rio Grande do Sul e esperamos, a partir de agora, fortalecer as ações de agro e enoturismo e da própria valorização do vinho, sobretudo o colonial, no segmento de cadeias curtas (venda direta ao consumidor), com mais competitividade e valorização das condições particulares de cada região na arte da elaboração do vinho”. De acordo com ele, essa conquista é mais uma oportunidade de inovação, já que a Embrapa e parceiros vão oferecer cursos de capacitação para qualificar ainda mais os produtores em todos os aspectos relativos ao vinho: desde a elaboração às estratégias de mercado.
Para Sandra Dalmina, gerente regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul esse evento coroa o trabalho que está se fazendo há muito tempo: “desde 2010, várias entidades envolvidas com o setor vitivinícola se reúnem em torno do projeto do vinho colonial, por demanda dos próprios produtores, e que acabou se tornando uma lei”. O Rio Grande do Sul é o primeiro estado a implementar a Lei do Vinho Colonial, que também conta com a complementação da legislação estadual - a Lei da Agroindústria, que enquadra o produtor automaticamente na Lei do Vinho Colonial.
Tarcisio José Minetto, Secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do RS, acredita que a Lei do Vinho Colonial “resgata toda uma produção culturalmente tradicional. O esforço de instituições como a Embrapa, Emater, o Ministério da Agricultura, a Secretaria de Agricultura do RS, a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, a prefeitura de Bento Gonçalves, principais envolvidas no processo de construção e certificação da lei está gerando resultados: já são 11 agricultores buscando fazer o passo-a-passo da formalização, cuja simplificação permite a venda formal do seu vinho colonial”. Conforme Minetto, o processo de legalização do vinho colonial resgata a cultura e tradição aliadas à questão do turismo, dando o efeito multiplicador, do ponto de vista econômico e financeiro, gerando a questão de renda e motivação à permanência da juventude no meio rural e a sucessão rural. Assim a economia local circula e se promove o desenvolvimento local e regional. A nova lei ultrapassa fronteiras, pois com esse diferencial de qualidade, mais pessoas poderão visitar nossa região e levar vinhos coloniais de qualidade como lembrança até mesmo para fora do país.
M. Francisca Canovas de Moura (7168 DRT/RS)
Embrapa Uva e Vinho
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