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A história da cenoura
Os primeiros registros da hortaliça apontam os arredores do Afeganistão, na Ásia Central, como centro de origem da cenoura. Há dois mil anos, as raízes das variedades orientais eram roxas, vermelhas ou amarelas. A cenoura caminhou pela Arábia e pelo norte da África até chegar à península Ibérica por volta do século X. Na Europa, com o passar do tempo, o processo de seleção originou variedades brancas e laranjas, que foram os parentes distantes da cenoura moderna. Trazida ao Brasil pelos portugueses, acredita-se que as primeiras plantações ocorreram no século XIX no Estado do Rio Grande do Sul.
Hoje, a cenoura está entre as hortaliças mais consumidas pelo brasileiro, sendo amplamente cultivada em todo o País e em todas as estações do ano, com exceção da região Norte devido às condições climáticas. O estado que mais se destaca na produção dessa hortaliça é Minas Gerais, já que a região de São Gotardo adota um alto nível tecnológico. Outros estados também têm produção relevante como Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Bahia.
Estima-se que anualmente são cultivados cerca de 20 mil hectares, que resultam em uma produção de mais de 700 mil toneladas. “O fator climático mais relevante para a produção de cenoura é a temperatura porque, por ser uma espécie de clima ameno, originalmente ela não tolera bem o calor: o desenvolvimento e a produtividade de raízes ficam comprometidos em climas quentes”, alerta o pesquisador Agnaldo Carvalho.
Por tal motivo, até o início da década de 80, era impraticável plantar cenoura nos meses de primavera e verão em algumas regiões de Brasil porque, nesse período, aumenta a ocorrência da doença queima-das-folhas, que prejudica muito a quantidade e a qualidade das raízes. O consumidor, até então, ficava sujeito à flutuação dos preços e à sazonalidade da oferta do alimento.
O papel da pesquisa para a consolidação do cultivo no País
Se hoje podemos comprar cenoura de qualidade em qualquer época do ano é graças à pesquisa agropecuária, que trabalhou para desenvolver cultivares adaptadas ao clima tropical brasileiro e com resistência às principais doenças da cultura. Lançada em 1981, a cenoura Brasília é um marco na produção de cenoura no país, uma vez que possibilitou a expansão do cultivo para novas áreas de produção como o Cerrado brasileiro, o que resultou em estabilidade de preços e na regularização da oferta do alimento durante o ano inteiro.
“Essa cultivar foi amplamente adotada, visto que nessa época era muito difícil e oneroso o plantio de cenoura entre outubro e março”, recorda o pesquisador Jairo Vieira. De lá para cá, em quase 40 anos, a cenoura Brasília vem sendo utilizada na base genética de várias outras cultivares lançadas para o plantio de verão no Brasil.
As populações que, desde então, vêm sendo derivadas a partir da cenoura Brasília, por exemplo, resultaram em diversas outras variedades, como a cenoura BRS Planalto, e mais recentemente, na cenoura BRS Paranoá, que foi a primeira recomendada exclusivamente para a agricultura orgânica.
Ao longo de mais de três décadas, populações de cenoura com melhor padronização comercial vêm sendo selecionadas e recombinadas para se obter novas cultivares mais produtivas, resistentes e com melhor qualidade de raiz. “Países que plantam cenoura em condições temperadas não vão se preocupar em desenvolver materiais para cultivo nas condições de verão do nosso país, é a pesquisa brasileira que tem que fazer isso”, opina Vieira.
Fonte de nutrientes e ingrediente versátil
A cor laranja mostra que a cenoura é uma das principais fontes naturais de betacaroteno, um pigmento antioxidante e precursor da vitamina A. Ela também fornece fibras e minerais como cálcio, sódio e potássio. A forma mais comum de consumo são as raízes cruas ou cozidas - raladas ou fatiadas - em saladas, mas a versatilidade da cenoura permite utilizá-la como ingrediente de bolos, sopas, pães, tortas, sucos, suflês e doces. Além do consumo fresco, a raiz é muito usada como matéria-prima da indústria alimentícia para produção de minicenouras ou processadas em seleta de legumes, iogurtes e papinhas.
Foto: Henrique Carvalho
Paula Rodrigues (MTb 61.403/SP)
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