Pesquisa científica impulsiona piscicultura
Pesquisa científica impulsiona piscicultura
Na Amazônia, cresce uma atividade promissora para a agropecuária no País, a piscicultura, fortalecida por ações de pesquisa. Estudos em nutrição, sanidade, reprodução, genética e manejo da produção dirigem-se, principalmente, a duas espécies nativas da região, o tambaqui (Colossoma macropomum) e o pirarucu (Arapaima gigas).
O tambaqui é a espécie nativa mais cultivada no Brasil e 89,5% dessa produção sai dos nove estados da Amazônia Legal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental conseguiram, em 2001, reduzir o ciclo de produção desse peixe de 36 para 12 meses. A produtividade saiu do patamar de 1,5 t/ha/ano para o de 6 t/ha/ano em 2009 e passou, a partir de 2013, a triplicar graças à implementação do sistema intensivo com uso de aeração diária, que permite índices de 18 a 22 t/ha/ano.
Inclui-se nas pesquisas a melhoria da sanidade dos peixes, com a identificação, prevenção e controle de parasitos, assim como a busca de alternativas terapêuticas com óleos essenciais de plantas medicinais, para o controle e tratamento de doenças na piscicultura. Estão sendo feitos ainda estudos genéticos para formar população somente de fêmeas, a fim de aumentar a produção de carne e apoiar a produção em maior escala do tambaqui.
Outra linha de pesquisa envolve opções para enriquecer a ração, com a estratégia de aliar ganhos nutricionais e sanidade, e reduzir os custos de produção. "Hoje, em toda a região, contemplamos diferentes áreas de pesquisa buscando agregar sustentabilidade e boas práticas de manejo à piscicultura", explica a pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental Cheila Boijink.
No Pará, entre outros trabalhos, a Embrapa desenvolveu rações balanceadas que podem ser produzidas artesanalmente ou com o mínimo de equipamentos pelos piscicultores familiares da região. Para tambaqui, por exemplo, o pesquisador Heitor Martins, da Embrapa Amazônia Oriental, cita a fórmula à base de macaxeira, farelo de soja e suplementos minerais e vitamínicos.
Na Embrapa Roraima, estão sendo realizadas pesquisas com espécies nativas como o tambaqui, o pirarucu e o matrinxã. Os trabalhos nessa área vêm se ampliando desde 2012, graças à estrutura do Laboratório de Organismos Aquáticos da Amazônia (Loam), onde há pesquisas para criação em viveiros e estudos sobre a qualidade da água (monitoramento, manejo, medidas de controle e recirculação), nutrição e sanidade (diagnóstico e controle de doenças).
O cultivo de tambaqui, durante as fases de larvicultura e alevinagem (produção de filhotes de peixes – alevinos – semelhantes aos adultos da espécie), é muito suscetível a doenças, necessitando, portanto, de um adequado manejo sanitário. O pesquisador Marcos Tavares Dias, da Embrapa Amapá, destaca que o monitoramento sanitário é fundamental para garantir o bom desempenho produtivo e a segurança do sistema intensivo de produção de tambaqui. Na prática, esse monitoramento sanitário é realizado por meio da análise da qualidade da água, da avaliação do nível da carga parasitária nos peixes e do manejo adequado em geral.
Gigante das águas
Questões de sanidade, manejo, nutrição, genética e reprodução também estão presentes na pesquisa e transferência de tecnologia para dar suporte à produção do pirarucu em cativeiro, por meio do projeto Pirarucu da Amazônia. Embrapa, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que assumiu ações do extinto Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), estão juntos nesse projeto, cujas ações se estendem aos sete estados da região Norte.
De acordo com Ana Paula Oeda Rodrigues, pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, o pirarucu é uma espécie com hábito alimentar carnívoro de grande porte e valor comercial, possui carne de excelente qualidade e crescimento acelerado e inigualável entre as espécies de água doce (até 10 kg/ano). Esse peixe possui poucas espinhas e rendimento de filé de até 50% e pode ser criado tanto em viveiros escavados quanto em tanques-rede.
Uma das ações do projeto foi a marcação eletrônica de pirarucus, que permite a identificação, o acompanhamento do crescimento e a condução da reprodução dos animais, além da rastreabilidade do produto. A pesquisadora Alexandra Bentes, da Embrapa Amazônia Oriental, explica que a tecnologia permite observar o nível de parentesco entre os indivíduos e evitar a consanguinidade, condição reprodutiva que diminui a qualidade do plantel por causar, por exemplo, aumento da ocorrência de defeito e diminuição do tamanho e do número de indivíduos.
Fundo Amazônia
Da Redação
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinará R$ 33 milhões provenientes do Fundo Amazônia para a execução do Projeto Integrado da Amazônia, coordenado pela Embrapa. As ações deverão estar voltadas à recuperação de áreas degradadas e ao uso sustentável do bioma e ao monitoramento do desmatamento, da degradação florestal e dos serviços ecossistêmicos da Floresta Amazônica.
Centros de pesquisa da Empresa serão responsáveis pelo desenvolvimento de projetos locais, que devem implementar ações para valorizar a floresta em pé, promover o ordenamento territorial e a regularização fundiária; e estruturar e integrar os sistemas de controle, monitoramento e fiscalização ambiental na Amazônia. Estão envolvidas 12 Unidades da Embrapa nos projetos que, por sua vez, estarão distribuídos em quatro arranjos de acordo com suas temáticas: Monitoramento do desmatamento e da degradação florestal e serviços ecossistêmicos; Restauração, manejo florestal e extrativismo; Tecnologias sustentáveis para a Amazônia e Aquicultura e Pesca.
Os projetos devem ser realizados em municípios prioritários para prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, em conformidade com o Decreto 6.321/2007; em municípios sobre área de influência de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); e em municípios/regiões com maior conservação da cobertura florestal. O desafio se relaciona à redução das emissões de gases do efeito estufa, e, assim, a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na 12ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-12).
O acordo prevê a realização de atividades num primeiro contrato com prazo de até três anos e meio. Os recursos recebidos ficam sob a gestão da Fundação Eliseu Alves durante toda vigência do acordo, agente responsável pela mediação do valor na Embrapa. Para garantir e gerenciar a implantação do Projeto de maneira a alcançar os objetivos e resultados especificados pelo BNDES, foi constituído um Comitê de Gestão e Governança do Projeto, presidido pelo Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT) da Embrapa.
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Siglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
Clênio Araújo (MTb 6279/MG)
Embrapa Pesca e Aquicultura
Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
Embrapa Amazônia Oriental
Dulcivânia Freitas (MTb 1.063/96/PB)
Embrapa Amapá
Clarice Rocha (MTb 4733/PE)
Embrapa Roraima
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/