27/07/16 |   Estudos socioeconômicos e ambientais

Troca de saberes entre indígenas e pesquisadores enriquece conhecimento

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Foto: Priscila Viudes

Priscila Viudes - Alternativas incluem SAFs com frutiferas

Alternativas incluem SAFs com frutiferas

Kulina Madija e Kaxinawá no Acre. Galibi Kali'na, Palikur, Galibi Marwono e Karipuna no Amapá. Parakanã no Pará. Makuxi, Ingarikó e Wapxana em Roraima. Todas etnias indígenas com as quais a Embrapa desenvolve ações na Amazônia, por meio de projetos que variam da produção de alimentos à colheita de sementes florestais, em que a tônica é o intercâmbio de conhecimento capaz de beneficiar tanto as aldeias quanto a Ciência.

Pesquisas com povos indígenas têm contribuído para reconfigurar fazeres tradicionais e originar novos conhecimentos para melhoria e diversificação dos cultivos agrícolas e aproveitamento de recursos naturais.  No Acre,  conhecimentos sobre os solos das terras indígenas (TI) Kaxinawá, por exemplo, foram sistematizados em uma publicação na língua Kaxinawá e na linguagem científica, em português. Em Kulina (Madija) e Kaxinawá, essa produção de conhecimento contribuiu para fortalecer a medicina e a agricultura nas aldeias.

As alternativas incluem sistemas agroflorestais (SAFs) com frutíferas, adoção de variedades resistentes e de medidas simples para controle de pragas e doenças, introdução de novas variedades de mandioca e implantação de casas de farinha, neste caso em parceria com o governo do estado, por meio da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).

O líder indígena Ninawá Kaxinawá atesta: "Aprendemos novas formas de plantio e isso melhorou a produção de alimentos. Antes a gente plantava e, às vezes, não conseguia colher. Com esse conhecimento a mais, nossa agricultura se fortaleceu". O agente florestal Antônio Banê Kaxinawá, por sua vez, complementa: "Hoje entendemos pesquisa como algo que traz benefícios para a comunidade. Percebemos que, com participação, podemos modificar nossa realidade".

As experiências no Oiapoque
Uma região desenhada por savana, campos alagados e florestas entrecortadas pelos rios e igarapés. Assim são as terras indígenas de Oiapoque, no extremo norte do Amapá, onde cerca de 7 mil indígenas de 40 aldeias fazem proveito desses nichos ecológicos para alimentação, transporte e trocas comerciais. É nesse ambiente que a Embrapa Amapá encontrou oportunidades para intercâmbio de conhecimentos em manejo sustentável de frutíferas, tendo como foco central a palmeira do açaí.

No Projeto Frutiindo, os produtores indígenas são protagonistas das ações voltadas para melhorar e ampliar a produção agrícola que visa garantir segurança alimentar e geração de renda a essas populações. Para resguardar a singularidade das etnias, aldeias e padrões socioculturais dos indígenas, todo plano de trabalho foi definido junto com os caciques.

Domingos Santa Rosa, indígena e técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai), que atuou no projeto, ressalta a valorização dos aspectos cultural e ambiental desse trabalho: "É importante para o atual momento, em que a questão da sustentabilidade dos povos indígenas vem sendo discutida, e também para o futuro das comunidades com relação à gestão das terras indígenas".

O pesquisador Silas Mochiutti explica que o princípio do manejo de impacto mínimo de açaizais de grotas em terras indígenas no Amapá é o aumento da produção de frutos, com a manutenção das características das florestas e a preservação da função ambiental da área. Já o líder do Frutiindo, Jackson de Araújo dos Santos, destaca que, com a adoção das técnicas de manejo, os resultados esperados são menor esforço e mais segurança na coleta dos cachos de açaí, aumento em até 100% na produtividade de frutos e ampliação do período de coleta de três para até sete meses.

Por mais florestas nas aldeias do Pará
A colheita de frutos e sementes florestais com técnicas seguras de escalada em árvore vem sendo praticada desde os anos 2000 na terra dos Parakanã, no Pará. As capacitações para o exercício da atividade foram realizadas pela Embrapa Amazônia Oriental.

A Área de Coleta de Sementes de 100 hectares, implantada na reserva florestal indígena, está em vias de ser registrada na Superintendência Federal da Agricultura, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Belém. Isso permitirá a certificação das sementes florestais do Parakanã, com reconhecimento da origem e da boa qualidade genética desse material propagativo. Além dessa, outras áreas de coleta de sementes menores foram implantadas ao lado das aldeias, para promover a educação ambiental entre os índios.

As principais espécies comercializadas são mogno, paricá, andiroba, copaíba, castanha-do-pará e tatajuba. Só de mogno, já foram comercializadas mais de uma tonelada de sementes, o que tem permitido a utilização da espécie em projetos de reposição florestal. "Os rendimentos obtidos com a venda das sementes favorecem a geração de renda e a melhoria da qualidade de vida da comunidade", observa a pesquisadora Noemi Vianna Leão. Nesse trabalho, a Embrapa contou com a parceria da Rede de Sementes da Amazônia, Museu Paraense Emilio Goeldi e Universidade Federal Rural da Amazônia, além do Programa Parakanã, mantido por meio de convênio entre Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) e Funai.

Mais alimentos em Roraima
A Embrapa Roraima vem atuando desde 2012 nas comunidades indígenas por meio do projeto Valorização da Agricultura Indígena (VAI), que busca incentivar a produção e a diversificação de alimentos em comunidades tradicionais, pela transferência de tecnologias para a agricultura familiar. O foco é na produção de feijão-caupi, mandioca, melancia e criação de peixes. Cinco comunidades indígenas são atendidas pelo projeto, que desde sua criação já capacitou mais de 100 agentes das etnias Makuxi, Ingarikó e Wapxana. •

Navegue:
http://www.museu-goeldi.br
http://www.polinizadoresdobrasil.org.br/
www.kamukaia.cnptia.embrapa.br
www.inpe.br/cra.

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Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
Embrapa Amazônia Oriental

Diva Gonçalves (MTb 148/AC)
Embrapa Acre

Priscila Viudes (MTb 030/MS)
Embrapa Acre

Dulcivânia Freitas (MTb 1.063/96/PB)
Embrapa Amapá

Clarice Rocha (MTb 4733/PE)
Embrapa Roraima

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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