Sistemas Agroflorestais na Amazônia
Sistemas Agroflorestais na Amazônia
Agricultura familiar se desenvolve em harmonia com a floresta
O conhecimento dos povos da Amazônia aliado à ciência é a chave para vencer o desafio da sustentabilidade. Essa é a premissa da Embrapa para o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias relacionadas a sistemas agroflorestais (SAFs), nos quais agricultura e floresta se encontram unindo a produção de alimentos à conservação dos recursos naturais. Esse modelo de produção é tradicional na agricultura familiar da região nordeste do Estado do Pará.
Os SAFs associam cultivos agrícolas ou animais com espécies florestais, de forma sequencial ou simultânea e a pesquisa estuda as interações desses sistemas. Os modelos são variados e se adaptam às necessidades dos produtores, como consórcio agroflorestal de mogno com pimenta-do-reino; florestas plantadas de paricá de rápido crescimento, apropriadas para produção de lâminas e compensados, em sistema silvipastoril; consórcio silvipastoril de eucalipto com pasto e sistemas agroflorestais em área de várzea.
Na pecuária leiteira e de corte, os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) dispensam a abertura de novas áreas de floresta para acomodar os pastos, recuperam pastagens degradadas e geram aumento do desfrute do rebanho e do conforto animal.
Mitigação mais eficiente
A agricultura familiar conta como alternativa com a expansão do dendezeiro na região nordeste paraense. A Embrapa desenvolve pesquisas que integram o cultivo da oleaginosa com os SAFs. Os resultados são otimistas e apontam que sistemas agroflorestais integrados com dendezeiros atuam sobre o ciclo de carbono e nutrientes, sendo bastante eficientes para armazenar esses componentes no solo. Na área de estudo do trabalho, em Tomé-Açu, verificou-se que o SAF mais diversificado com dendê acumulou 28% a mais carbono no solo que o SAF tradicional e 23% a mais que a floresta secundária.
"Os benefícios econômicos, ambientais e sociais dos SAFs são inúmeros", afirma o pesquisador Osvaldo Kato, citando exemplos: diversificação da produção agrícola e florestal na propriedade, recomposição da paisagem, reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, aumento da capacidade produtiva do solo, segurança alimentar e aumento de renda para o produtor, conservação ambiental, biodiversidade da flora e fauna, redução do desmatamento, das queimadas e dos impactos nas mudanças climáticas globais.
Conhecimento tradicional ajuda a ciência
Entre as experiências que a Embrapa vem estudando no Pará, estão iniciativas de agricultores que a pesquisa chama de experimentadores ou inovadores. A partir do conhecimento tradicional e da observação da floresta, eles desenvolvem sistemas com viabilidade ambiental, econômica e social.
Pedro Araújo Ferreira, de 46 anos, o "Seu Pedreco", agricultor em São Domingos do Capim, região nordeste paraense, dá aula para pesquisadores e técnicos extensionistas. Ele é uma referência em Sistemas Agroflorestais na Comunidade Monte Sião, à beira do Rio Capim. Em sua propriedade de 66 hectares, maneja apenas 18 hectares, de onde tira o sustento da família, esposa e cinco filhos, com a produção de açaí, cacau, banana e espécies arbóreas nativas da Amazônia. Não é à toa que sua área tornou-se referência em Agroecologia.
"A disposição das espécies é aleatória, apenas com certa distância entre elas para que não haja competição. Uma completa a outra dando sombra e alimento. Eu tento imitar a floresta e 100% da minha produção é orgânica sem uso do fogo", conta o agricultor. A história de Seu Pedreco é pautada pela vontade de entender a floresta, experimentar e inovar.
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Embrapa Amazônia Oriental
Izabel Drulla Brandão
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Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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